Exposição “Arte e Fraternidade – artistas e cidades irmanadas”
Arte e Fraternidade – artistas e cidades irmanadas é uma exposição de arte e literatura que mostra mais de 100 obras da família Reis Pereira – José Régio, Júlio /Saul Dias, Apolinário e João Maria, organizada pelas cidades de Portalegre e Vila do Conde, cidades geminadas desde 1994.
Celebrar as artes da família Reis Pereira em Portalegre é para além da homenagem aos artistas, o privilégio pela qualidade e beleza dos trabalhos que se expõem num espaço nobre da cidade de Portalegre – a galeria de S. Sebastião.
Quatro irmãos, José Régio, Júlio /Saúl Dias, Apolinário e João Maria partilharam gostos e sensibilidades estéticas pela literatura e pela arte.
José Régio e Júlio identificaram-se na diversidade das opções estéticas, cultivaram campos idênticos se bem que com algumas especificidades – José Régio optou pela literatura, onde se notabilizou muito jovem e tendo ficado “um desenhista de Domingo, que desenha apenas quando não consegue escrever”, Júlio distinguiu-se como artista plástico mas também ele poeta ainda e sempre.
Júlio Maria dos Reis Pereira une as suas identidades artísticas por dois pseudónimos: Saúl Dias para a poesia e Júlio para a pintura.
A sua obra que vai de uma “intensa produção modernista” com um impressionante conjunto de mais de meia centena de óleos, passando por um acentuar da componente poética, num trabalho continuado, persistente e com técnicas mais livres como o desenho e a aguarela. Uma opção que tem na série “Poeta” a sua representação emblemática.
Ilustrou alguns dos livros do seu irmão José Maria.
José Régio figura ímpar da cultura portuguesa contemporânea, cuja obra é um grito de lucidez, foi uma das personalidades mais marcantes do séc. XX.
Em Portalegre decorreu toda a sua carreira profissional e, nesta cidade produziu quase toda a sua obra literária.
Escritor multifacetado, produziu vários géneros literários, distribuídos pelo teatro, ficção, poesia, ensaios e memória, colaborando ainda em inúmeros jornais e revistas como crítico e polemista
Desenhou, essencialmente a lápis de cor, traços rápidos e grossos, violentos, agitados, impregnando a maioria das figuras de uma forte mobilidade e de uma feição patética, correspondentes ao tom declamatório e trágico dos versos.
Geralmente escolhia um tem, explorava-o através de repetidas versões, até esgotar as possibilidades ou alcançar a solução ideal. Eram cabeças de Jesus, Adão e Eva, Idílios, Ritmos, retratos de mulheres, figuras longilíneas e contorcidas…
Distribuiu muitos dos seus desenhos por amigos e conhecidos dizendo ” … afinal eu gosto, como o Camões, que a vida me fique por o mundo em pedaços repartidos.”
Apolinário José e João Maria, os irmãos mais novos, não desprezaram as influências artísticas da família e desenvolveram gostos comuns, na pintura, no desenho e na poesia.
Apolinário José dos Reis Pereira seguiu a carreira das armas. Andou por África onde se sentiu muito bem. Em muitos dos seus quadros deixou em traços bem expressivos a inconfundível marca africana. Pintou a nanquim e a aguarela.
Autor de numerosos trabalhos espalhados por várias colecções. Fez várias exposições em Portugal, Angola e Moçambique.
Dirigiu, com dois amigos, a Secção Literária do Jornal Renovação onde colaborou com poemas, contos e ensaios. Colaborou, também, no Jornal de Vila do Conde, Informação Vilacondense, Jornal do Monte e ABC de Angola, entre outros. Escreveu várias letras para o Rancho do Monte.
Apolinário foi, sobretudo, um Artista e um Poeta verdadeiramente elevado e apaixonado pela vida.
João Maria dos Reis Pereira foi o responsável pelos Serviços de Turismo e pela Biblioteca Municipal de Vila do Conde.
Publicou os seus versos em vários jornais e revistas e no volume Diário, colaborou em vários periódicos: Colóquio Letras, Jornal de Letras, Jornal de Vila do Conde, Jornal Renovação, Estudos Anterianos, Boletim do Centro de Estudos Regianos e foi correspondente de O Primeiro de Janeiro cerca de 40 anos.
Pintou, essencialmente, a lápis de cor e expôs, conjuntamente, com os irmãos em Portugal e em Angola.
Arte e Fraternidade – Artistas e Cidades Irmanadas uma oportunidade única de revisitar as obras artísticas mais relevantes e significativas de José Régio e Julio e, ao mesmo tempo, dar a conhecer as criações, no campo da arte e da literatura que serão menos conhecidas do grande público, dos seus irmãos Apolinário e João Maria.
“Com os pés enterrados e os cabelos voando a ventos do alto – assim o artista nasce. E cresce quando todo êle consegue voar como os seus cabelos. Não tem, para isso, de arrancar os pés da terra: Só tem de ter tanta fôrça no voo que os pés o possam seguir levando pegada a terra em que estão enterrados”.
José Régio
Visite:
Arte e Fraternidade – Artistas e Cidades Irmanadas
Exposição de arte e literatura
Patente na Galeria de S. Sebastião até 10 de setembro
Aberta todos os dias / excepto feriados
Das 9.00 às 18.00 horas
Visitas guiadas com marcação prévia
De Terça a Sexta-feira
(Casa Museu José Régio – Telf. 245 307 535)