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Open Day: Tapeçaria de Portalegre – Entre Fios, Teares e Lugares

Open Day MTGF cartaz
Open Day MTGF Programa

Tapeçarias de Portalegre dão vida à cidade durante dois dias

Open Day – Entre Fios, Teares e Lugares

 

Nos próximos dias 1 e 2 de dezembro, a cidade de Portalegre exibe uma mostra das tradicionais tapeçarias da região num percurso entre a Igreja do Convento de São Francisco, a Manufatura de Tapeçarias de Portalegre e o Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino. Trata-se do «Open Day – Tapeçaria de Portalegre – Entre Fios, Teares e Lugares», um evento organizado pela Câmara Municipal de Portalegre, em parceria com a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, no âmbito da Candidatura à Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior, do Turismo de Portugal, designada por Tapeçaria de Portalegre – Valorização, Promoção, Divulgação e Projeção.

O principal objetivo desta 1ª edição é, de acordo com a vereadora Laura Galão, «contribuir para a valorização, promoção, divulgação e projeção da Tapeçaria de Portalegre, embaixadora da cidade e do País».

A principal característica da tapeçaria de Portalegre é que parte sempre de uma obra original de um artista. São já mais de duas centenas, os artistas nacionais e estrangeiros, que viram os seus trabalhos passados a tapeçaria na Manufactura de Portalegre, tais como Almada Negreiros, Costa Pinheiro, João Vieira, Charrua, entre outros. A tapeçaria de Portalegre é uma obra de arte original, única pelas suas qualidades intrínsecas e pela técnica usada para traduzir o modelo original. Este é ampliado para a dimensão final sobre um papel quadriculado próprio, em que cada quadrícula representa um ponto (desenho de tecelagem). A desenhadora tem em seguida que corrigir o desenho, tendo em atenção os contornos, as formas, as tonalidades das cores e todos os pequenos detalhes que a tecedeira deve ler e traduzir em tecelagem.

Durante os dois dias do evento encontram-se programadas um conjunto de iniciativas culturais das quais se destacam os workshops: oficina artes plásticas | oficina de arte têxtil | oficina infanto–juvenil, e ainda a performance «Tactear». Haverá ainda a possibilidade de presenciar esta arte ao vivo. Quatro tecedeiras irão estar a trabalhar numa tapeçaria, sendo possível perceber todo o processo manual.

A performance artística “TACTEAR”, que se realiza no dia 2 de dezembro, terá lugar no local de produção, os teares da Manufactura, numa proposta sonora e de movimento. «A pesquisa é feita a partir do espaço de trabalho, dos seus materiais e da comunidade envolvida no processo de produção. Procura-se que o tecer destes pontos de vista, destas técnicas e destas linguagens encontrem um caminho comum e provoquem uma ressonância, para que o segredo que faz parte da identidade partilhada não se perca no fio do tempo», esclarece Vera Fino, diretora da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre.

 

A História da Tapeçaria de Portalegre

O reconhecimento e a aceitação da tapeçaria de Portalegre só ocorre em 1952, pela mão dos próprios tapeceiros franceses que se deslocaram a Portugal para a grande exposição “A Tapeçarias Francesa da Idade Média ao Presente”. Guy Fino, aproveitando a ocasião, resolveu pôr em confronto as duas técnicas, expondo simultaneamente no SNI duas grandes tapeçarias sob cartão de Guilherme Camarinha que tinham sido tecidas para o Governo Regional da Madeira. Os técnicos franceses, convidados a visitar esta exposição, admiraram a técnica e a perfeição conseguida com o ponto de Portalegre. Estavam lançadas as tapeçarias de Portalegre.

Faltava, no entanto, cativar Jean Lurçat, o renovador da tapeçaria francesa, para a tapeçaria de Portalegre. Depois de um primeiro contacto em 1952, Guy Fino conseguiu convencê-lo a visitar a Manufactura em 1958. Aí confrontou-o com duas tapeçarias: uma tecida em França, e que o próprio Jean Lurçat oferecera à esposa de Guy Fino, e a sua réplica tecida em Portalegre. Convidado a identificar a tapeçaria francesa, Lurçat escolheu a tecida em Portalegre.

Mais tarde veio a considerar as tecedeiras de Portalegre como as melhores tecedeiras do Mundo, fazendo tecer em Portalegre, de 1958 até à sua morte, um grande número das suas tapeçarias. Este facto, conjuntamente com a obstinação de Guy Fino, em muito contribuiu para a internacionalização da tapeçaria de Portalegre.

Atualizado em 30/11/2023